Tecnologia Ancestral

As questões que o jongo da serrinha vem abordando a 60 anos são todas ligadas ao racismo estrutural brasileiro, a desigualdade social, e a vulnerabilidade que isso gera dentro da sociedade brasileira. vulnerabilidade que se explicita através de um racismo que tem suas raízes na importação de corpos negros africanos e sua escravização dentro de uma economia baseada no colonialismo e violência social que estrutura a desigualdade para lucrar, criando dessa forma inteiras populações descartáveis que são na sua maioria negras.

A memória é nossa principal ferramenta para a construção de uma consciência crítica capaz de criar fundamentos essenciais e estruturais para a construção de uma vida ética, justa e autonômica para poder enfrentar violências de origem colonial ainda presentes no país. O Jongo da Serrinha colabora, portanto, para que populações historicamente oprimidas e socialmente descartáveis possam criar autonomia ética, social e econômica, visando o desenvolvimento do país como um todo.
A cultura e memória da Serrinha são aqui usados, portanto, como ferramentas para entrar em uma negociação com problemas gerados pela precariedade do corpo negro e sua vulnerabilidade socioeconômica (estamos falando de extrema pobreza, narcotráfico, violência contra mulher, déficits educacionais e desemprego).

O legado do jongo é justamente essa tecnologia da sobrevivência e reivençao da vida de origens africanas que no Jongo da Serrinha é articulada em múltiplas frentes de trabalho:

meio ambiente e resiliencia

Investimentos no patrimônio cultural através de ações, politicas de preservação, educação e divulgação do legado patrimonial do jongo e suas tecnologias ancestrais de resistência a opressão gestão do patrimônio através de ações comunitárias e de autogestão fomentando a sustentabilidade econômica e social.

Construção e gestão de equipamentos culturais (Casa do Jongo da Serrinha, Terreiro Tia Eva Emely e Terreiro da Vovó Maria Joana) que promovem uma gestão comunitária do patrimonio ancestral do jongo e suas raizes na cosmologia africana através de equipamentos culturais (físicos e digitais) que promovem o acesso quanto mais amplo a cultura.

prosperidade e meios de sustentabilidade
Através de vários mecanismos de financiamento público (editais, emendas, parcerias com o poder público e suas instituições) e privado (crowdfunding e parecerías com outras organizações) investimos em ações culturais gerando empregos diretos e indiretos capacitando membros da comunidade, alunos e professores, e o público na gestão e participação cultural. Promovemos também a gestão comunitária cultural visando criar sustentabilidade.
conhecimentos e competencias
Através da escola do Jongo da Serrinha e da Casa do Jongo da Serrinha promovemos uma educação que atinge jovens e adultos a traves de tecnologias ancestrais promovendo uma visão sustentável através de ações comunitárias de educação e preservação de conhecimentos através da cultura e das artes. Educação e formação cultura são os pilares da gestão e da promoção do trabalho da ONG.
Inclusão e participação
Através das múltiplas ações culturais e artísticas que a ONG vem promovendo há 60 anos, trabalhamos incansavelmente contra todo tipo de violências e racismos para uma coesão social ampliando o acesso a cultura tradicional e ancestral promovendo sua relevância para a comunidade, a cidade e o pais. a participação e a liberdade de acesso as artes e culturas afro descendentes são fundamentais no trabalho do Jongo da Serrinha para construir e manter uma coesão socio econômica antirracistas, combatendo diariamente a exclusão econômica, politica e social através de ações e projetos culturais, artísticos e sociais.
PROJETOS

As frentes de trabalho sao articuladas em três grandes projetos que desenovelvem múltiplas ações, ocupações, iniciativas e oportunidades:

Educação patrimonial
escola de jongo

Em 20 anos, foram atendidos cerca de três mil alunos diretos e 12 mil pessoas indiretamente; atualmente a Escola atende a cerca de 200 alunos, na Casa do Jongo da Serrinha, entre 5 e 18 anos com atividades complementares ao ensino formal, ligadas às culturas de matriz africana. As quatro escolas públicas locais são parceiras do projeto e há 10 anos também atua em parceria com a UFRJ através de seu programa de extensão. A Escola oferece diariamente aulas de jongo (adulto e infantil), capoeira, literatura, recreação, cultura popular, alongamento, teatro e percussões (samba, jongo e ritmos brasileiros).

A cultura afro-brasileira é sua principal fonte de tecnologias sociais para educação e conteúdo para as atividades comunitárias. As oficinas de canto, cordas, cultura popular, jongo, percussão, memória e artes são oferecidas gratuita e diariamente, no contraturno do horário escolar, para cerca de 200 crianças e jovens da Serrinha.

Além disso, semanalmente acontecem eventos (festas, visitas e/ou apresentações artísticas) reunindo moradores, turistas, parceiros fortalecendo rede de sustentabilidade e laços comunitários na região.

Apesar de ter um índice de densidade populacional (número de habitantes por domicílio) mais alto do que em comunidades como a Maré (3,36), Rocinha (3,31) e Complexo do Alemão (3,62), a Serrinha (4,09) é menos populosa, tendo hoje cerca de 8.000 moradores, enquanto as demais comunidades citadas tem cerca de 70.000 moradores, segundo dados da Prefeitura. Sua área construída apresenta também menos habitações por metro quadrado. A maioria das construções da comunidade é de casas de um ou dois andares e existem hoje ainda na comunidade vários casarios por volta das décadas de 1920 e 1930.

Serrinha possui apenas duas creches (Vovó Maria Joanna e Tia Maria do Jongo) e duas escolas municipais de ensino fundamental (República Dominicana e Mestre Darcy do Jongo), e não possui escola de segundo grau nem posto de saúde.

Segundo dados do Favela-Bairro, 9% das pessoas com 7 anos de idade ou mais são analfabetas, e apenas 16,4% completaram a 8a série do 1o grau; dentre aqueles de 18 a 39 anos, só 12 completaram o 3o grau, sendo que, ao todo, apenas 21 pessoas completaram o 3o grau (0,9% da população). Dentre as pessoas com 10 anos ou mais, e só 3,2% declararam estar freqüentando algum curso profissionalizante. Estes dados apontam claramente para uma insuficiência da formação educacional da população local.

patrimonio cultural
sedes comunitarias

A Casa do Jongo da Serrinha, o Terreirinho na Rua da Balaiada e o Terreiro da Vovó Maria Joana sao entre os espaços mais importantes da cultura negra carioca. A Casa do Jongo recebeu em seus cinco anos de existência cerca de 120 mil pessoas, entre público de rodas de samba, shows, oficinas, apresentações de circo e teatro, programas de TV, grupos de turistas estrangeiros, moradores e prestação de serviços sociais como dentista e cadastramento de documentos.

A sede do grupo funciona como centro cultural, escola e incubadora de grupos artísticos (Molecada que agita, Herdeiros, Cia de Aruanda e Boi Daqui). É um dos poucos espaços culturais públicos ativos da região norte, dentro de uma favela, e funciona de segunda a domingo.

a casa do Jongo da Serrinha

A Casa do Jongo da Serrinha alem de abrigar a Escola do Jongo, O museu do Jongo da Serrinha, a loja com produtos e objetos produzidos na comunidade, tambem é palco de múltiplas festas, eventos, premiações , rodas de samba e de jongo, é equipada com um estúdio de gravação, um estúdio de dança, uma biblioteca e espaços com brinquedos.
Um grupo de pessoas em volta de um homem tocando violão.
Um grupo de crianças sentadas no chão de uma sala de aula.
Uma foto em preto e branco de uma mulher negra a vovó maria Joanna do jongo da serrinha vestida de branco fumando uma cachimbo em frente a uma coleção de santos no seu terreiro
grupo cultural e artistico

O grupo atua ativamente na produção cultural, tendo lançado o primeiro disco de jongo do pais em 2001 (Prêmio Rival BR) que teve como um dos impactos a popularização da palavra ”jongo” no país. Além de dois discos, o grupo acumula mais de 60 anos de apresentações, oficinas e palestras por todo mundo, de escolas públicas a países como Japão, Alemanha, Emirados Árabes e EUA.

Além dos shows, o Jongo da Serrinha produz fotografias, exposições, livros e atua como articulador da Rede de Jongo e Caxambu do Sudeste que reúne mais de 50 comunidades jongueiras dos estados de Minas, São Paulo e Rio e Espírito Santo. No Rio de Janeiro é o principal articulador da rede que reúne 11 comunidades jongueiras . Esta importante ação de transmissão de sabedorias ancestrais do jongo, a pesquisa e organização contínua de acervo histórico da Serrinha ( uma das 5 favelas centenárias da cidade) e dos jongueiros, tem na Casa do Jongo da Serrinha seu museu permanente além de acervo virtual no site.

Um grupo de dançarinos com as mãos levantadas no ar.
Uma foto em preto e branco de um grupo de pessoas sentadas em uma mesa.
Um grupo de mulheres com vestidos coloridos em pé nos degraus.
Um grupo de crianças e adultos posando dentro de um prédio com o texto "Jongo da Serrinha: Uma Escola Permanente" exibido acima deles. Alguns estão dançando, e uma criança segura um bambolê.
Um grupo de crianças e adultos posando dentro de um prédio com o texto "Jongo da Serrinha: Uma Escola Permanente" exibido acima deles. Alguns estão dançando, e uma criança segura um bambolê.

Casa do Jongo da Serrinha

Rua Silas de Oliveira, 101 – Madureira Rio de Janeiro – RJ

Telefone

21 991913123

Email 

info@jongodaserrinha.org